• Startup rastreia e monitora doenças crônicas com inteligência artificial

    Mariano García-Valiño, CEO e fundador da Axenya
    Mariano García-Valiño é CEO e fundador da Axenya. (Foto: Divulgação)
    Jose Renato Junior | 30 nov 2022

    Hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, obesidade e  doenças respiratórias são algumas das chamadas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). E essas enfermidades merecem cada vez mais atenção: em 2019, no Brasil, cerca de 54,7% dos óbitos registrados foram causados por DCNTs. No mundo, a estatística é mais acentuada, com as DCNTs sendo responsáveis por aproximadamente 74% das mortes,de acordo com levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).

    Diante de dados tão expressivos, o diagnóstico precoce é importante. E o uso da tecnologia pode ajudar nesta empreitada. Foi com esse olhar que a healthtech Axenya lançou um conjunto de ferramentas que ajuda na prevenção das DCNTs entre colaboradores de empresas brasileiras.

    Mariano García-Valiño, CEO e fundador da Axenya, explica:

    “As tecnologias que usamos envolvem software (plataforma digital), hardware (aparelhos como relógio inteligente e balança digital) e inteligência artificial (que automatiza a análise de dados).”

    Melhor rastreio das doenças crônicas

    Ainda de acordo com Mariano, a partir destas ferramentas, a Axenya monitora a saúde dos pacientes coletando informações como dados antropométricos (peso, altura e circunferência abdominal), histórico de saúde, padrões de alimentação, frequência de atividade física, qualidade do sono, consumo de bebidas alcoólicas, além de rotina de consultas médicas e exames complementares. 

    “A integração das informações adquiridas pelo sistema, somada à base de dados de utilização do plano de saúde (que ficam disponíveis aos RHs das empresas), permitem a customização para o rastreio das diferentes doenças crônicas. Isso otimiza as ações educativas direcionadas à população de risco e permite até o contato direto com o indivíduo para apoiá-lo na realização de exames preventivos, o que garante maior adesão”, conta o CEO.

    E tudo isso, claro, só é possível com a autorização do paciente, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

    Passo a passo do atendimento

    Então, por exemplo, para um paciente com diabetes, quando ocorre qualquer desvio de rota (como hiperglicemia ou hipoglicemia, não verificação da glicemia, atraso nas refeições etc.), o time de saúde é alertado. E a resposta da equipe médica é dividida em 3 níveis ou estágios. 

    “O primeiro é dado pela inteligência artificial, por meio de alertas sugerindo correções simples no tratamento, baseadas em protocolos pré-estabelecidos, como se alimentar corretamente, se hidratar e manter os horários de medicação”, esclarece Mariano. 

    No segundo nível, de acordo com o CEO, o time de saúde entra em contato com o paciente, por mensagem ou ligação, e sugere uma ação mais efetiva, como correção da hipoglicemia com determinada quantidade de alimento ou da hiperglicemia com medicação. 

    Já no terceiro nível de atendimento, acontece o contato direto com o médico por meio de teleatendimento ou consulta presencial. 

    “Com este monitoramento contínuo, conseguimos resultados de controle glicêmico fora dos padrões habituais para um paciente com diabetes. E isso ajuda a manter taxas de complicações e expectativa de vida semelhante às do não portador desta condição”, pontua Mariano. 

    “Dessa forma, melhoramos a qualidade de vida do paciente e reduzimos significativamente os custos médicos, evitando idas desnecessárias ao pronto-socorro e o descontrole do quadro, que pode levar a internações e procedimentos cirúrgicos”, comemora.

    Bons resultados

    A Axenya, que opera no modelo B2B, em parceria com os departamentos de RH e de finanças das empresas, atualmente, atende 50 mil vidas, em todo território nacional. “São empresas a partir de 100 vidas, em que a abertura de dados de utilização do plano de saúde é permitida”, argumenta o CEO.

    E os resultados do uso desta tecnologia são promissores. 

    “Estudos clínicos comprovam que nossa tecnologia e cuidado reduzem em 14% o risco de infarto, em 15% o risco de AVC e em 20% o risco de morte por diabetes”, afirma Mariano. 

    Além disso, especificamente sobre câncer, por exemplo, uma pesquisa realizada com 5.869 mulheres atendidas pela Axenya, em outubro de 2022, constatou que 97,07% delas realizaram exames preventivos de câncer de mama nos últimos 12 meses. “Esse número vem aumentando gradativamente, e já é reflexo do sistema de monitoramento”, comenta.

    Benefícios aos pacientes

    O foco da tecnologia vendida pela startup é o bem-estar dos colaboradores das empresas. “Enquanto estão sozinhos, pacientes tomam decisões de forma unilateral, sem conhecimento ou dados. O ideal, mas impossível, seria ter um médico em tempo integral acompanhando, monitorando e direcionando os cuidados. A nossa tecnologia faz esse papel. O resultado? Melhora significativa da qualidade de vida e redução importante de custos”, aponta o CEO.

    Nesse contexto, a tecnologia transforma a experiência do usuário em algo mais amigável. E mais, por meio destas ferramentas, os colaboradores passam a ter maior acesso a informações sobre saúde. E isto é feito tanto por meio de e-books ou informativos quanto com a ajuda de jogos, auxiliando o colaborador na condução de seu tratamento. 

    “Um paciente com doença respiratória como a asma, por exemplo, pode aprender que fatores funcionam como gatilho das crises de falta de ar. Toda vez que o doente tem uma agudização do quadro, uma série de perguntas é disparada para ele, e orientações são sugeridas. Quanto mais o usuário interage com o sistema, mais a inteligência artificial melhora as orientações. É uma relação de confiança em que todos ganham: o paciente, o idealizador do software e a empresa que contrata o serviço”, garante Mariano.

    Vantagens de ponta a ponta

    Como diz o CEO, todos os envolvidos se beneficiam com a tecnologia. Isso porque, para os profissionais da saúde, as consultas passam a ser mais assertivas. A tecnologia fornece ao médico dashboards e relatórios detalhados sobre o comportamento de saúde do usuário. 

    “Assim, o paciente entra no consultório e não precisa tentar lembrar o que se passou desde a última consulta, já que o sistema o informa com precisão. Assim, o profissional de saúde tem mais dados e conhecimento para um direcionamento preciso ao paciente”, explica o fundador da Axenya.

    Já para as empresas, a tecnologia identifica as características e riscos de saúde dos colaboradores e, ao mesmo tempo, personaliza os cuidados com a saúde dos indivíduos. 

    “Assim, identificamos e nos antecipamos a possíveis ofensores da sinistralidade, reduzindo custos de forma significativa para o empregador. Com pessoas mais saudáveis, também evitamos absenteísmo e melhoramos a produtividade das empresas. Ou seja, o benefício é a redução de custo e o aumento de receita. Além disso, essa sistemática de cuidado se torna uma poderosa ferramenta de engajamento do colaborador com a empresa. A tecnologia nos permite deixar de agir de maneira reativa para agirmos de maneira proativa”, conclui Mariano.

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